Explorando o Futuro Distópico em 2073 (2024): Tempo, Memória e a Luta pelo Futuro da Humanidade

“2073” (2024), dirigido por Asif Kapadia, mistura ficção científica com crítica social em um documentário perturbador. O filme nos transporta para um futuro distópico, onde a humanidade parece ter perdido seu rumo. Inspirado no icônico curta-metragem de 1962, “La Jetée” de Chris Marker, a história de Kapadia une viagem no tempo com questões profundas sobre memória, identidade e a possibilidade de mudança. O lançamento nos cinemas selecionados acontece no dia 27 de dezembro de 2024, pela Neon.

Uma Visão de um Futuro Sombrio

O filme se passa em 2073, em um mundo onde a sociedade entrou em colapso devido à vigilância desenfreada e ao controle militar. Os céus, antes movimentados por cidades e vida, agora são dominados por drones que zumbem constantemente. Esses drones, presentes em todo lugar, servem como um lembrete da vigilância que controla a vida dos poucos sobreviventes. Moradores de abrigos subterrâneos, esses sobreviventes tentam manter suas memórias intactas enquanto tentam entender um mundo que já não faz sentido.

A distopia de 2073 não é só um cenário, mas quase um personagem. As escolhas visuais do filme — com céus laranja, ruas desertas e uma atmosfera gelada — dão vida ao futuro de uma forma impressionante e desconcertante. Essas imagens trazem uma reflexão sobre os perigos de uma sociedade cada vez mais vigiada e militarizada, algo que já vemos nos dias de hoje em várias partes do mundo.

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Trailer oficial

A Jornada do Viajante do Tempo

O coração de 2073 gira em torno de um viajante do tempo solitário, que arrisca tudo para mudar o futuro distópico em que vive. Interpretado de forma intensa e sutil, o protagonista precisa lidar com uma linha do tempo fragmentada, tentando evitar os eventos catastróficos que levaram o mundo ao caos.

A decisão de Kapadia de usar a viagem no tempo não é só uma forma de ação, mas também uma metáfora sobre a capacidade humana (ou a falta dela) de mudar seu destino. O viajante não está apenas tentando salvar o mundo, mas também preservar a essência da memória e da esperança humana. Sua jornada é pessoal, mas também universal, nos fazendo questionar: o que você estaria disposto a arriscar para mudar o futuro?

Narrativa Quebrando Gêneros: Uma Homenagem a La Jetée

Um dos pontos mais marcantes de 2073 é a forma como o filme quebra as convenções narrativas. A abordagem visual de Kapadia é fortemente inspirada em La Jetée, o famoso curta de Chris Marker de 1962, que também mistura temas de viagem no tempo e distopia. La Jetée ficou famosa por usar imagens estáticas para contar a história, e essa técnica foi resgatada em 2073.

Kapadia adota um estilo híbrido, misturando fotos e imagens em movimento para capturar momentos que transmitem tanto o peso emocional da história quanto a natureza fragmentada do tempo. As imagens estáticas aumentam a sensação surreal e onírica do filme, fazendo com que o espectador experimente o mundo através dos olhos do protagonista, cujas memórias — e o próprio tempo — estão distorcidos. Essa escolha cria uma experiência única, em que nos sentimos desorientados, mas ao mesmo tempo, profundamente conectados à luta dos personagens.

Memória e Resistência: Profundidade Temática

No fundo, 2073 não é apenas sobre um futuro sombrio, mas sobre como as memórias e a identidade humana podem ser formas de resistência. Em um mundo onde a vigilância e o controle militarizado dominam, as memórias dos sobreviventes se tornam a única arma contra um sistema que tenta apagá-las. A missão do viajante é, assim, uma luta para preservar essas memórias e garantir que a humanidade não perca seu passado, sua história e sua essência.

O filme faz uma poderosa crítica ao papel da memória como resistência. Em uma sociedade onde tudo é monitorado e manipulado, lembrar-se do passado se torna um ato de rebeldia. A jornada do viajante é, portanto, uma luta contra o tempo e contra um sistema que tenta apagar tudo o que é único.

A Viagem no Tempo como Metáfora da Mudança

Embora 2073 use o conceito de viagem no tempo, seu verdadeiro significado é metafórico. O poder do protagonista de se mover entre as linhas do tempo simboliza o potencial da humanidade de mudar seu destino, de corrigir seus erros antes que seja tarde demais. Mas, à medida que o filme avança, fica claro que o futuro não pode ser alterado tão facilmente. A missão do viajante é cheia de desafios, e a dúvida sobre se podemos mudar verdadeiramente o curso da história permanece no ar.

O filme explora a tensão entre a esperança e o desespero. Será que a humanidade ainda pode reverter os danos causados ao planeta e à sociedade? A jornada do viajante é uma busca por redenção — tanto pessoal quanto coletiva. 2073 nos desafia a refletir: podemos reescrever nosso futuro ou estamos fadados a repetir os erros do passado?

Referência

https://en.wikipedia.org/wiki/2073_(film)

https://www.youtube.com/watch?v=YDE97KrYDuU

https://www.imdb.com/es/title/tt22042346/